sábado, 12 de setembro de 2009

U.U

''Caminhar tão longe, e no final descobrir que não é o que deseja é frustrante.'' Duro caminho de volta para casa.

Apenas ela ..

E que fizera de tantos sonhos?

E para onde foram todos aqueles momentos passados e sonhados diante de si mesma?!

Escolhera caminhos diferentes para que não se machucassem. Mas que inútil escolha, as dores não passam quando delas se esconde, apenas aumentam e cada dia mais se torna totalmente impossível disfarça-las.

Todos aqueles dias passados em frente ao espelho não lhe resgataram, apenas ficou parada ali diante do seu mais poderoso inimigo que agora refletia alguém totalmente diferente do que vira antes.

Tudo mudara, seus gestos, suas frases, seus caminhos, e para onde foram todos aqueles sonhos ninguém sabe,sabem-se apenas que ela fora atrás deles e não voltara para contar como os resgatou ou se os resgatou.

Tudo começara quando por um acaso do destino a chuva tácita e incansável caia sobre sua cabeça. Sem qualquer escolha entrou naquele táxi, o qual mudaria sua vida para sempre.

Não estava sozinha. Ali sentado, com as mesmas perguntas no olhar estava alguém cuja feição lhe tirou os sentidos e a jogou em um mundo onde só eles sabiam onde estavam.

Pensara como poderia aquilo ser real, não haveria sentido nenhum, o que estavam presenciando.

Ele com feições rudes de quem já sofera muito, mas que escondia totalmente e sabia disfarçar como ninguém mais poderia.

Ela com face delicada, já molhada pela chuva que caia lá fora,com olhos esperançosos e uma vida toda pela frente,mas que naquele momento esquecera de respirar por um segundo, quase chegando a morte,por assim dizer.

Disfarçados pelo medo de estarem caindo cada vez mais em ilusões, olhavam para frente como animais assustados sem saberem por onde começar ou se começavam.

Estava cada vez mais estreito, mais sufocado e sem saberem o que fazer trocaram apenas duas palavras:

-Olá!

-Olá! Respondera ela.

Deste simples gesto nascera um dos seres mais perigosos para ambos.

Ele saiu primeiro, pagou ao senhor o qual o conduziu até sua morada e deixando-a com um olhar vago, partiu sem dizer outras meias palavras.

Ela, descendo logo em seguida, não sabia como sair de onde estivera,suas pernas não regularam e quase caindo, sobe as escadas sem nem prestar atenção para onde estava indo.

Por que amores acontecem assim por acaso?

Por que amores realmente verdadeiros não duram o quanto deveriam durar?

O destino?

Talvez, não sabemos.

Mas naquela noite ambos não dormiram, seus olhos estagnados no momento mais insano que já estiveram, as mesmas perguntas ambicionavam saber, e as mesmas respostas sempre eram respondidas sem ao menos perceberem.

Passados dias, encontraram-se outras vezes.

Este acaso se tornara constante, os dois não eram de muitas palavras, apenas sabiam de seus sofrimentos e por um instante pareciam interessados naquilo que sentiam.

Foram constantes os momentos em que estiveram juntos, mas nunca nada além de infindáveis conversas que nunca chegavam a nenhum consenso.

Ele sempre discordara da forma humana como ela agia, a desapontara várias e várias vezes, mas isso não importava para ela e sim cada momento ali passado diante do maior mistério da sua vida.

Ela, sempre compreensiva ouvia os poucos gestos e palavras que ele dizia. Na maioria das vezes não falava nada, apenas ouvia-o como as árvores ouvem os pássaros todas as manhas.

Os dias acabaram por se tornar monótonos, sem vida como eram antes, apenas paravam para ouvir um ao outro e todos os dias os mesmos contos e histórias de vida diferentes, mas que se cruzaram sem saberem a razão disso.

Um dia, parados ali diante daquele muro erguido por tantas palavras, algo estava estranho, uma frieza, desilusão, não sabiam muito bem qual palavra atribuir ao momento inusitado, apenas sabia que nada se encontrava como haviam deixado.

Aquele momento ela sempre tivera medo e estava agora prestes a desabar, mas ele forte como uma muralha não aparentava medo algum, apenas indecisão. O último dia de todos os seus sonhos,o ultimo dia de toda sua sanidade e o primeiro dia em que ela descobrira que nada poderia durar por muito tempo.

Um aperto de mão, um adeus, e nem sequer um até logo, estes foram os últimos dias, as ultimas horas a qual ela sonhou.

Amanhecendo fez o que sempre fazia todas as manhãs,levantara,tomara café e logo saia para se encontrar mais uma vez com seu destino, mas naquele dia tudo fora diferente, os pássaros não cantavam, o ar estava parado, os carros lentos trafegavam pelas ruas e uma sensação de sufoco e aperto lhe subira a garganta, nada estava normal. Naquela manhã ele não descera, não a esperava ali como sempre fazia e em uma súbita sensação de desamparo subiu as escadas e lá estava, todos os seus medos agora se tornaram reais e as lagrimas caiam incansavelmente.

Ali estava ela, parada diante do espelho o qual depositara todos os seus sonhos e que agora se quebravam feitos flocos de neve no inverno.

E o que fizera de tantos sonhos?

Repito que ninguém sabe, apenas ela, que fora em busca de tudo aquilo que um dia construiu, que agora fora roubado de suas mãos e que hoje perdidos em algum lugar e que talvez nunca mais voltem a ser dela novamente.

Daniela Pastre

12 de setembro de 2009-

03-12 AM